domingo, 16 de dezembro de 2012

Ruivinha (poesia)




Caralho, bicho: vistes que menina gostosa?

A morena?

Não, pô, a ruiva.

De onde ela é: Belfast, Dublin?

Não, pô, daqui mesmo de Manaus.

Ruivinha Manaura?

Isso!

Ah, vá se foder.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E eu lá com meu cachimbo (poesia)




  
            Numa noite dessas
            Cheio de tédio
            Sentei-me solitariamente só e enchi um fornilho inteiro com night cap
            Sem vergonha alguma peguei no Brebbia e comecei a nobre arte
            Apaguei as luzes
            E fiquei feito um tolo iluminando a fumaça com uma lanterninha
            Eu via figuras engraçadas projetadas no denso fogging:
            Um cachorrinho, uma flor, uma mulher
            E a mulher era justamente aquela que eu amava (e ainda amo)
            E continuei minha jornada até ouvir o cachimbo chiar baixinho
            Chiar como se quisesse me sussurrar assim: volte pra ela, não, Sid
            Volte não 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Grotesque (poesia)




Ela tava sentadinha à mesa
Sua estatura diminuta denunciava sua pouca idade: no máximo 11, 12 anos
De rosto virado e cabelos a lhe cobrir a face
Pedi gentilmente que ela me cedesse a mesa

Quando ela se virou para falar comigo
E revelou a deformidade grotesca em seu rosto
Na hora só pude falar “deixe pra lá e fique aí”

.
.
.

Naquela mesma noite sonhei com a
Menininha da cara de cachorro

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Carne (poesia)




19 anos. Profissão: churrasqueiro
Do seu ofício fazia seu meio de sustento; um laboral dos bois: esfaqueando-os, dilacerando-os... Enfim, um artista anti-vegan
Mas ser churrasqueiro não é motivo de pompa ou glamour
Josevaldo, literalmente, trocava horas na frente de uma fumegante churrasqueira
repleta de carne de boi, frango e suíno por uma quentinha


Igual churrasqueiro a ele existiam milhares de outros
Bastava diferençar os cortes de carne e manejar bem o fogo para assar e pronto:
estava batizado com juras e tudo o mais na escola do churrasco e da vida


Ele estava noivo dela
Perspectiva zero de um futuro promissor; ele nem tinha cartões de crédito, nem crediário nas lojas da sua cidade
E ela cobrava: e o fogão? e a tv de plasma?
Ele, Josevaldo, dava de ombros, falava “foda-se” e ia comprar carvão


Mas ele gostava de sua noiva e nutria por ela um tesão gigantesco
Um dia ele, num afã, pegou de um pincel atômico
E aproveitando do sono dela começou a tracejar o corpo dela todinho
- tal qual uma vaca –
E a escrever com seu português rude os nomes das peças de carne no corpo moreno dela:
“Picanha”, “Músculho”, “Filé”, “Largato”, “Contrasfilé” etc.

*
*
*

Ele comeu-a até fartar-se

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Francisco & Zippo (poesia)




            Ninguém perde um isqueiro caro. Pelo menos até essa poesia acabar. Prometo uma pequena epifania que vai arrombar a primeira afirmação que fiz aqui.


            Claro que fumar é gostoso. O cigarro, a fumaça, o pigarro. Isso é uma obviedade que nem se precisa falar. Ruim mesmo é ter que largar o lar montado para consubstanciar a triste sina dos homens: não levar nada de material quando da sua casa ele sai.


            Claro que há exceções: roupas e computadores pessoais, câmera fotográfica e uma ou outra bobagem. Mas nem o Zippo o cara leva. Na verdade quem cantou essa epifania pela primeira vez foi o Buarque de Holanda em “A Rita” e em “Trocando em Miúdos”. Eu só fiz uma tradução contemporânea do sentimente dele: o homem só se fode.




segunda-feira, 30 de julho de 2012

Chiens et dames pour des rues (poesia)




(Essa poesia falará de merda em rima e em verso)



Moro numa rua onde há um probleminha
E em outras ruas de minha cidade quiçá em todo o Brasil
O mesmo probleminha também há



Eu tenho que andar aos pulos e aos clicados de pés
Caso em bosta de cachorro eu não queira a vir pisar.
Cruel destino darei às minhas sandálias ou ao meu All Star
Certo de que em merda irei ter um triste revés



Engraçado são as madamas (ou as domésticas) quando com seus cachorros
Passeiam por aí. Elas torcem seus narizinhos para o ar
Ou fazem cara de quem não vê
Que seu animalzinho está a sujar
Todo o calçamento por onde pedestres
Irão passar e cujos pés cocô irão antever



Triste, triste.... Custa à pessoa sair com uma bolsinha plástica

terça-feira, 19 de junho de 2012

O aforismo da pornografia (texto)




Quem há de condenar algum tipo de pornografia? Pórnos é uma instituição tão antiga quanto à humanidade o é. O conjunto completo de “perversões” que fogem do campo do inteligível ao consciente coletivo é tachado de “pornografia”. Mas o que é o “campo do inteligível”? E o que o “consciente coletivo” tem a ver comigo ou contigo? Claro que para uma pessoa que não pratica sexo com mais de uma pessoa por vez, a idéia de menáges à trois (e bacanais, surubas e afins) pode parecer inconcebível. Sexo oral – prática sexual normalíssima, quase que obrigatória – para algumas pessoas é uma prática disgusting. Em sexo sou alguma coisa liberal e heterodoxo. Não sou “full”  em safadeza, mas sei ser tolerável ao aceitar que existem pessoas que gostam de urinar ou defecar em seus parceiros. Pessoas que gostam de apanhar, bater, deixar-se humilhar etc. Não sou eu quem vai dizer se isso ou aquilo é prática considerada fora dos padrões psicológicos não-doentios, afinal fetiche não se explica, executa-se. Vou imprimir minha opinião sobre uma prática que considero abominável: pedofilia e sexo com pessoas não-dotadas de livre arbítrio. O resto, de zoofilia a necrofilia, é permitido desde que você, leitor zoófilo ou necrófilo, não venha a foder meu cachorro ou meu cu post mortem.

 O aforismo, ei-lo: no amor e no sexo vale tudo.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Meus cachorros, meus tesões (poesia)





Sonhava em ser estuprada e isso lhe causava torpores
Estuprada por um cachorro
Um labrador da verga gigante
“que tipo de pessoa eu sou”, ela se auto-perguntava
“uma pessoa normal” respostava-lhe a parte boa do seu subconsciente


Do sonho à realidade: não tinha labrador, nem foda zoófila onírica
Perto do trabalho dela, numa rua lateral, uns 10 cachorros vagabundos
Desses mais reles e sarnentos vira-latas
Espreitavam à estreita
Uma cachorra com tetas “balangantes”, enormes
E vagina estuporada para fora
Indício de que a vida lhe fora muito dura, quiçá duríssima


Ela (a cachorra) está no cio
Liberando no ar aquele feromônio gostoso de “tou pronta”
E ela (garota do labrador) fez um carinho e deixou-a (a cachorra) esfregar-se em si
De forma que ao passar pela matilha de cães vadios
O cheiro da cachorra imiscuiu-se com o 212 da garota e confundiu a porra toda


Logo 7 ou 8 cachorros começaram a andar apressadamente atrás da moça
Que, coitada, e nervosa começou a correr, claudicante
E quanto mais ela embalava velocidade, mais ligeiros eram os cães
Que a essa altura ouriçavam-se pelo cheiro e mostravam todos
Picas rosadas cobertas com um esmegma de outrora


Nervosa e muito consternada pelo vexatório
Ela foi ao chão e a matilha cercava-a
Por um segundo ela se lembrara do seu labrador
No segundo depois ela empinou a bunda o mais que pode e arregaçou a calcinha de lado
Deixando à mostra sua buceta mal depilada e pronta para ser fodida pelos cães
Mas quando os mesmos sentiram o cheiro do Vagisil
Cheiro ululante que nada significava para cachorros
Todos eles fizeram cara de nojinho e saíram dali
Deixando-a empinada e sem direito à vara  

sábado, 19 de maio de 2012

Quero te dar (poesia)




Quero te dar "bom dia" fazendo sentir meu hálito de quando acordo em suas narinas
Quero te amassar todinha com meus abraços
Quero ser volúpia
Quero-te


Queria me entregar para você
Queria ser seu e estar dentro de ti – completamente e completando-te
Queria encher-lhe a boca com meus fluidos e seus ouvidos com palavras de encanto
Queira-me


Querer você?
Quero você
Querer-te-ia?
Te amo (foda-se a ênclise)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

poc, poc (poesia)

para Laila



Meu saco, túrgido de esperma, batia gostosamente na buceta dela
Ela de quatro e eu empurrando o pau calibroso no cu da moça
Minhas bolas soltas no espaço faziam poc, poc, poc, baixinho
Onomatopeia que precede um banho de porra


Tirei meu “caralho elegante” do ânus dela e gozei
Gozei em suas costas e bunda
Todas devidamente meladas com meu leite condensado
E pensei em Machado de Assis:
o melhor método contraceptivo para evitar crianças a mais no mundo
é gozar fora da mulher, em cima dela
Toda, pura e cheia de desejo

terça-feira, 8 de maio de 2012

Tez (poesia)




A pele da cabocla parece um cupuaçu maduro de tão morena
Fruta respingada de orvalho leve
Gotas que se desfazem ao toque da mão sobre seus pelinhos


O sabor e o olor da pele dela devem ser uma maravilha
E quedo-me salivando imaginando as sensações
Que minha boca, lábios e língua
Provocariam sobre sua tez


Das palmas das mãos aos mamilos
Do seu pescoço encharcado de suor aos seus lábios pequenos fumegantes
Úmidas mucosas com sabor do vinho do araçá
Toda a pele dela quer um macho a lamber-lhe, chupar-lhe, morder-lhe


Num átimo nossos olhares se cruzaram e ela abriu um sorriso
Sorriso de dentes acavalados
Medonhos
E eu, nesse mesmo átimo, pensei: “o ônibus dela podia chegar agora”
Eis que Deus atendeu minha vã prece 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Na boca (poesia)




Ao longe pela janela lá vinha ela
Linda, cabelos soltos e um gingado gostoso, mas não vulgar
A moça trazia entre os lábios um objeto rosa, fálico
E ela o chupava com uma voracidade
Como se fosse o último do mundo


Vi, de soslaio, ela raspando a língua dela – quente e macia –
Por sobre a superfície toda babujada do troço roliço
Até que fatidicamente ela me viu a espiar
Daí que ela passou os dentes e deu uma de glutona
Chupando e engolindo completamente o pirulito

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A menina e o coelhinho (poesia)




A pelagem branca
Suas longas orelhas
Seus olhões vermelhos
E seu jeitinho nervosão denunciava:
Eis aqui um coelho.


Sua voz e sua risada
Eram de um ecoar tétrico
Seus cabelos encaracolados lhe davam uma aparência volumosa
Ela era séria e compenetrada
Seria ela uma espécie arquetípica de um algoz?


O bichinho arfava demais
Talvez prevendo desgraça futura
Tentava em vão roer a tela de arame grosso de sua gaiolinha
Provocando ferimentos em seus lábios e língua
Que fazia juntar varejeiras verdes a zum-zar ao redor de sua boca encostrada de sangue


E ela é muito séria e faz de seu labor um ofício sacrossanto
Ela fala poucas palavras com a dureza e rascância de um general
Ordens aqui e ali
Pois ela sabe que o crudelismo do ato que ela fará em breve
Não permite nhém, nhém, nhém


Alçado pelas orelhonas
O coelho que outrora fora branco
Agora está encardido e sujo de merda e mijo
Excitadíssimo, ao menor toque de mão humana sobre sua pele
Ele sente um calafrio mortuário, seco e breve
Antevendo a lâmina afiada do algoz penetrar-lhe sua carne


Mas que nada de lâmina
Das mãos dela só afagos aconchegantes
Por sobre a pelagem fedida de um fedor ocre
E o coelho rogozijando-se, revirando os olhos em um êxtase inenarrável
Êxtase de quem sabe dos toques


O coelhinho parou de respirar nervoso
E aliviou-se ali a sensação da proximidade com a velha da foice
Mas num segundo ouviu-se um “croc”
O “croc” do destroncar das vértebras do pescoço do leporino animal
Desfalecido e todo molengo nas manzorras dela o bicho jazia
E ela ordenava para seu ajudante: “próximo coelho, por favor”

terça-feira, 24 de abril de 2012

Bukowski como poeta ou como prosista? (poesia)




“What do you want for breakfast?” (C. Bukowski, do poema “You”)


Resposta hype à pergunta feita lá em cima, no título:
Eu prefiro beber num puteiro.


Das duas opções acima, tanto faz uma como a outra. Mas eu ainda reitero a minha alternativa. (é óbvio que tento manter o hype. Isso de hype é charmoso e pode render uma trepada por aí).


É fácil ficar falando sobre bebedeiras e porres e putas baratas quando se lê um continho do Bukowski. Depois que você mergulha no universo da poética do ‘safado’, tu mudas sua opinião: ou se gosta muito mais do Velho do que outrora ou se o odeia.


Eu adoro.

terça-feira, 20 de março de 2012

Hot (poesia)


Emanando calor, o corpo dela pede beijinhos
E mordidas na barriga e nas nádegas
(para arrefecê-lo)


Depois de nos consumarmos em desejos
Eu fazendo peso nela
Sentindo nossos suores se misturando
E aquele cheiro de feromônio de fêmea
Pedindo-me para ficar mais um pouco
Fazendo eu peso nela


Sei que os 7.500 BTU's do meu aparelho condicionador de ar
Não estão dando conta da quentura que do seu corpo sai
E você, deitada em cima do meu peito, dorme um sono gostoso e profundíssimo
Ressonando cada momento de êxtase que vivemos eu dentro de você e você dentro de mim


Dos prazeres o melhor: você
Dos sabores o mais gostoso: seu suor rescendendo à sexo
Dos sentidos aquele que deveria me incomodar, mas que nada, adoro-o:
Os calores que você me causa e
A sensibilidade táctil da sua pele fazendo-me ficar cada vez mais quente

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Só os gays sabem amar (poesia)


Heterossexuais tem receio babaca de falarem para seus cônjuges “te amo”
Como se amar alguém fosse uma coisa do outro mundo
Um evento histórico ou sobrenatural


Não! Não existe segredo
Amar uma pessoa é saudável, é factível
E é (ou deveria ser) ato comum
Mas os casais de meninos e meninas postergam dizer ao máximo “te amo”


Amem e sejam amados
Sem receios e sem medo de cair com a cara no chão
Levar um não
Levar um “se foda”


O amor é ato tão banal
Se esconde nas entrelinhas que nem nos apercebemos dele
Bukowski amou Nina quando pediu a ela para aparar as unhas dos dedos dos pés dele
Romeu também Julieta com a mesma intensidade
Eu te amo


A grande conclusão que tiro disso tudo
É que gays amam de forma irascível, de uma maneira carnal
Como o amor deve ser amado, executado
Sem frescuras, sem se pedir ou se anunciar
Os gays colocam todas suas expectativas num amor
Que pode durar alguns minutos ou anos a fio


Sem temer o pior
Eles vivem
Simplesmente assim
Só os gays sabem amar

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Fruta (poesia)


Seu exsudor, seus exsudatos
Do gosto, do sabor maravilhoso
De você todinha em minha boca


Sua boca, seu pescoço, sua nuca
Suas costas, suas pernas, seus dedos
Suas coxas, suas nádegas, sua vulva
Vulcão


Saliva e suor para dessedentar-me de você
Assim eu já dizia em uma outra poesia
O gosto do seu beijo é viciante
O gosto das lambidas de gato pornográfico que dou no seu corpo coberto com seu suor
Excita e aumenta meus desejos


Mas o melhor dos seus sabores emana de lá
De onde eu sinto o sabor do vinho do araçá:
- levemente ácido e doce ao mesmo tempo -
Um estupor de delícias na minha língua

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A fábula do jegue (fábula)


Aqui tenho uma fábula sem moral. O legal dessa estória é que o leitor pode dar, seguindo seus sentidos multi-interpretativos, o tom que ele quiser à moral. Sem mais delongas, ei-la:


No alto sertão Nordestino, idos dos anos vintes do século XX, um homem estava sem ter uma mulher para si há quase um ano. O homem estava na maior secura. Eis que no afã de ele tentar encontrar uma mulher o coitado, frustrado por seus respectivos insucessos, vê um jegue ao pé de um cercado. Ele vê o jegue até jeitosinho e sem aquele pudor zoólogo, decide ir foder o cu do animal. O rapaz olha prum lado e pro outro se certificando que não há viva alma a passar por ali, baixa suas calças, levanta o rabo do jegue e empurra o pau com toda a força no bichinho. O jegue que não é bobo, quando sente a metade do pau entrar em seu cu, trava-o com toda a força e prende o rapaz afoito grudado aos quartos do animal. Começou o vai-não-vai e a agonia do homem querendo se desvencilhar do rabo asinal. Eis que o cara pensou: se o jegue aliviar o cu eu tiro meu pau daqui. Mas ao mesmo tempo o animal pensava: se eu aliviar o rabo ele arrocha o resto do pau dentro de mim. Eis que temos o impasse criado. O impasse do jegue onde fez-se um jogo psicológico no qual nenhuma das partes, a fodida e a fodedora, quiseram render-se. E dizem que o rapaz viveu o resto da sua vida preso ao cu do jegue.