terça-feira, 19 de julho de 2011

Serpente (poesia)


Ela me serpenteou - sem intenção de querer fazê-lo -
E laçou cordas em volta do meu pescoço
Que se apertavam cada vez mais e mais
Mas não era um arrocho pegajoso
Tinha um quê de gostoso
De verdadeiro


Tal qual cascavel que exsuda veneno
Ou jiboia que encanta com seu olhar e sua voz sibilante
Ela me envenenou e me hipnotizou
E me fez uma jura estranha. Assim:
me terás somente hoje, como se ela fosse de éter que entorpece depois evanesce
Ó “vaca profana das divinas tetas”:
Ejetais na cara dos que nada sabem das mulheres
O significado ardido e espinhoso de se querer ter e não poder se desfrutar


Querer ter e não poder é cruel
Derrama-se saliva pelos cantos da boca
E balbucia-se palavras peremptórias de um afã
De um afã que sai arfado
Querendo, mas não conseguindo, explodir num grito, assim:
VOCÊ É MINHA
Mas nada é do que jeito que a gente quer
E você, Serpente, decididamente não és minha
Nem estais na minha
Nem és de ninguém – como na “Quadrilha” do Drummond

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