Num errático sábado, oito da manhã, estava a tomar café numa padaria
Como é meu costume, observando os transeuntes, vi uma Deidade
Uma mulher muito bonita
Elegante, de óculos escuros e vestida de preto
- como se em luto simbólico por alguém que ainda não morreu -
Magérrima em partes do corpo que combinam com falta de carne
Mas com o excesso gostoso de gordurinhas onde, nós homens, adoramos pegar
E morder e apertar
Ela era uma espécie de diva da periferia
Pensei: “essa porra deve ser casada”
E de fato o era
O esposo era um primor de má educação
Uma doce mistura de gorila com chimpanzé
Ele se instalou à mesa e avolumava sua presença
Ora com esporros ou murros leves
Um gestual grotesco, desprovido de qualquer resquício de intelectualidade
E a Deidade, constrangidíssima, baixava a cabeça
Livre arbítrio existe para decidirmos
Com quem deveríamos nos relacionar ou continuar uma relação
O negócio anda mal? Separa-se, oras
Seu cônjuge é mal-educado, te espanca, te humilha?
Mande ele se foder
Mas vendo a Deidade sendo rebaixada pelo símeo
- e calada ou resignada -
Penso como foi cruel a epifania que diz “toda mulher gosta de apanhar”
Será que o Nelson Rodrigues estava com a razão?
EXCELENTE!!!! Mas, a resposta é não, com certeza!!! hshshshshshhs
ResponderExcluirApanha porque quer!
ResponderExcluirAcho que a resposta é sim, mesmo que a maioria, assim como nossa amiga aí de cima, pense que não!!!
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