19
anos. Profissão: churrasqueiro
Do
seu ofício fazia seu meio de sustento; um laboral dos bois: esfaqueando-os,
dilacerando-os... Enfim, um artista anti-vegan
Mas
ser churrasqueiro não é motivo de pompa ou glamour
Josevaldo,
literalmente, trocava horas na frente de uma fumegante churrasqueira
repleta
de carne de boi, frango e suíno por uma quentinha
Igual
churrasqueiro a ele existiam milhares de outros
Bastava
diferençar os cortes de carne e manejar bem o fogo para assar e pronto:
estava
batizado com juras e tudo o mais na escola do churrasco e da vida
Ele
estava noivo dela
Perspectiva
zero de um futuro promissor; ele nem tinha cartões de crédito, nem crediário
nas lojas da sua cidade
E
ela cobrava: e o fogão? e a tv de plasma?
Ele,
Josevaldo, dava de ombros, falava “foda-se” e ia comprar carvão
Mas
ele gostava de sua noiva e nutria por ela um tesão gigantesco
Um
dia ele, num afã, pegou de um pincel atômico
E
aproveitando do sono dela começou a tracejar o corpo dela todinho
-
tal qual uma vaca –
E
a escrever com seu português rude os nomes das peças de carne no corpo moreno
dela:
“Picanha”,
“Músculho”, “Filé”, “Largato”, “Contrasfilé” etc.
*
*
*
Ele comeu-a até fartar-se
ADOREI! E de alguma forma, lembrei do Edgar Wilson... Um beijão em ti.
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