Olho pro canto empoeirado do meu quarto e vejo o violão parado.
Fazem uns seis meses.
Não consigo tirar alma daquele monte de madeira morta.
No máximo faço uns plic, plic, plics quando bato nas cordas.
Prefiro o som retumbante de uma lágrima espoucando no chão
ao esganiçar do boçal si bemol com sexta que tento reproduzir naquela bossinha safada.
Daí vi que tinham duas baratinhas a morar na caixa do bendito violão.
- pra vocês verem o quanto eu o uso -
Decidi fazer um favor para a zoologia e outro para a humanidade: não matarei as baratinhas. E não mais tentarei tocar um bourrée sequer.
Vamos fazer assim: deixar o violão para quem sabe dele.
As baratinhas suspiraram um “ufa”.