Rogai
Perdido no mais recôndito cantinho da minha mente
Misturava os sentimentos
Pecado ou não?
Abria os olhos e a epifania se me vinha
E eu falava: “Mas livrai-me do mal”
E o coro dos fiéis repetia laconicamente: “Amém”
Eu os indistinguia: homens e mulheres, jovens ou velhos
Mas eu sentia uma réstia de um tesão inexplicável
Por aqueles que justamente nada poderia sentir
Condenado eu à cadeira do dragão do inferno?
Não sei!
Sei do volume por baixo da minha bata
Quando eu empurrava a óstia por aquela boca pueril
Quedando-me em malícias
E imaginando ali ser meu pau
Uma voz reverberava em mim e dizia:
“Sued, isso é pecado”
Imaginava que a voz fosse reflexo
Reflexo da onipresença e da onisciência de Deus
Que com seu olho via o que se passava
Na sacristia, depois da missa
felattio e orgias
Homéricas em primazia
Auto-penitência para extirpar da carne
Malévolos pensamentos, ditames demoníacos
Ou entregar-me aos prazeres frívolos do pedaço do meu músculo
Que intumesce de sangue quando eu avisto os garotos?
Dúvidas me corroem
E eu não cedo a elas. E continuo a pregar aos fiéis
E continuo a executar meu hediondo crime particular
Que todos rechaçam
E só posso falar assim como se fosse uma auto-absolvição:
“Rogai por nós os pecadores”
És um Poeta em suma da palavra!
ResponderExcluirgostei a maneira que vc relata o padre!