sábado, 31 de dezembro de 2011

Inversão Kafkiana (poesia)



Como na manhã do polonês, acordei de um sonho sudorento e nebuloso
Acordei-me transsexuado em uma mulher
E C transsexuada em macho


Mil insetos me mordam – e isso não é referência à novela do polaco –
Mas que encanto é esse?
Eu acordar como Vênus, ver C como Vulcano
E desejar que ela me fizesse seu?


Inexorabilidades à parte
Os desejos são comuns aos dois gêneros: homem e mulher
Ambos querem estar sexuais
Sempre mais
E eu senti um calor emanar das entranhas do meu baixo púbis
- transmutado em vulva –
Querendo C em mim, toda e plena com seu falo em riste
Quiça esse seja um desejo diminuído
- talvez triste –
Mas deliciosamente profano como um sussurrar quente
Que todos queremos nos nossos ouvidos


Franz Kafka e sua psicologiazinha
Não bastam para explicar meu desejo de ser rasgado por C
Não de forma racional – se bem que o limite do racional deixa de existir –
Sei que tratei de acordar C para consumar meu desejo
Mas ouvi uma voz grosseira e retumbante emanar de sua garganta
Dizendo assim: deixa eu dormir mais um pouco, pô

Um comentário:

  1. Sou fã do Kafka.
    E conheci Charles Bukowski recentemente. Tudo a ver. Só entao pude entender voce....rs

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