segunda-feira, 22 de abril de 2013

Morte (poesia)




“Morreu de amor”, estava lá escrito na certidão de óbito dele.



                Um emérito bacharel disse que aquela certidão era um absurdo
e que o correto seria assim escrever como causa do óbito: “CID. 146.9 – Parada
Cardíaca Não Especificada”.



“Não Especificada?”, “Blasfêmia”, bradou o doutor legista. “Todo mundo sabe
 que ele amava Raimunda, que morreu semana passada”. “O pobre homem
 não aguentou a falta dela e morreu também”.



“Morreu de amor” ou “Morreu por falta deste”, concluiu.

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