terça-feira, 15 de março de 2011

Uísque & Cigarro (poesia)


Inebriar-se com estilo é arte
Assim como destilada arte é tirar alma do malte
On the Rocks, por favor
Mas sem gelo picado, fragmentado
Ele (o gelo) deve vir aos cubos, sólidos como o Santiago do Hemingway

.

E eu a vejo duas vezes por dia: uma vez quando eu saio e outra quando eu chego
Ela é magérrima, mas magra de aspecto doente
E, lacônica, ela chupa o bastãozinho
E como que por encanto, uma brasinha chispa baixinho e a fumaça verte pela boca
E pelas narinas dela

.

A nossa alma é que nem o Scotch com gelo
No início é quase pura, mas depois fica tudo com um gosto insípido de porra nenhuma
E temos vontade de acabar com aquela peleja aguada
De uma só vez, com um só gole

.

A fumaça me atiça as narinas
Mas hoje em dia é blasé dizer que se gosta de cigarro
Desconheço, fora sexo oral, algo que produza sensação de bem estar em cinco minutos
E quanto à mulher fumante, presença fugaz na minha rotina
Há duas semanas não a vejo
Soube que ela teve um câncer aí

.

Postumamente, hoje à noite, em homenagem a ela
Carburarei bom tabaco e beberei Grants

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