quinta-feira, 31 de março de 2011

Só para você (poesia)


De blusinha roxa com lacinhos
As costas aparecendo
E os babados drapejavam ao bel sabor do sacolejar da moto onde ela estava
    - na garupa, obviamente -
    E ela se arrebitava toda e arqueava a bunda para cima
    Deixando o cós da calcinha à mostra
    Bem como um pedacinho da tatuagem
    Imprimindo sobre seu cóccix algo como:
    “Só para você”


E eu quedava-me a imaginar quem seria o VOCÊ
Você é pronome de tratamento. Mas poderia ser substantivo
No caso da tatuagem poderia ser um José ou um João
Que de modo sorrateiro apoderavam-se do princípio da tatuagem e logo estavam
A inundar de porra o cu da mocinha de camisetinha púrpura
O provável “você” da hora que pilotava a moto
Pedia para ela parar de se portar como uma puta
E ela nem aí para ele


Quando nossos olhares se cruzaram, percebi que ela percebera
Que eu notara sua tatuagem
    - e queria eu ser o “você” da vez -
    Ela, num gesto vulgar, levantou-se mais que pode
    Deixando o início das nádegas para fora e o resto do desenho despido


Nessa hora passei a primeira marcha e arranquei com meu carro
Mas nos segundos que a contemplei
Não pude deixar de me imaginar agarrado às suas ancas
Pegando-a de quatro como uma potra
E esporrando em abundância logo abaixo da seta
Que completava a tatuagem

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