sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ruiva (poesia)


Ruivas são padrão de beleza?
Só se na Irlanda for.
Aqui se opera o milagre da farmácia
e cabelos negros e castanhos se tingem em um ruivo
profundo, quiçá profundíssimo.


Mas a mulher em questão não era atraente pelos cabelos,
mas pelo corpanzil. Ou pelo appeal.
Ou por saber ser sexy com o mínimo de gestual.
E de roupas.
Puta? Não! Decerto que não.
Mas ela encantou todos os homens que, tolos otários,
requebravam as cabeças para vê-la passar.


Nosso contato visual durou dois segundos.
Numa fila de um caixa eletrônico bancário.
Suficiente
para causar-me um devaneio e imaginar-me
fartando-me nela, a Ruiva.


Ela se foi tão rápida como quem veio.
Retirei uma grana, conferi meu parco saldo.
Peguei da minha bengala e rumei para as escadas.
Provavelmente já nem lembro mais dela.
Aliás,
dela só me restou as lembranças para esse poema.

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