sábado, 31 de dezembro de 2011

Inversão Kafkiana (poesia)



Como na manhã do polonês, acordei de um sonho sudorento e nebuloso
Acordei-me transsexuado em uma mulher
E C transsexuada em macho


Mil insetos me mordam – e isso não é referência à novela do polaco –
Mas que encanto é esse?
Eu acordar como Vênus, ver C como Vulcano
E desejar que ela me fizesse seu?


Inexorabilidades à parte
Os desejos são comuns aos dois gêneros: homem e mulher
Ambos querem estar sexuais
Sempre mais
E eu senti um calor emanar das entranhas do meu baixo púbis
- transmutado em vulva –
Querendo C em mim, toda e plena com seu falo em riste
Quiça esse seja um desejo diminuído
- talvez triste –
Mas deliciosamente profano como um sussurrar quente
Que todos queremos nos nossos ouvidos


Franz Kafka e sua psicologiazinha
Não bastam para explicar meu desejo de ser rasgado por C
Não de forma racional – se bem que o limite do racional deixa de existir –
Sei que tratei de acordar C para consumar meu desejo
Mas ouvi uma voz grosseira e retumbante emanar de sua garganta
Dizendo assim: deixa eu dormir mais um pouco, pô

domingo, 25 de dezembro de 2011

“Bate outra vez” (poesia)



Hoje nasceu Jesus
Mas sou ateu e pornógrafo
Para mim nada de natal etc.
Para mim quero duas dela, uma por frente e outra por trás
Deliciosamente num ménage à trois: eu nela e ela em mim, loirissimamente deliciosa


Quanto mais agudo o meu desejo por ela fica
Mais oblíquo e obscuro e sujo e lambuzado e frenético ficam meus sentimentos por ti
Ela duplicada. Duas dela para nutrir meu desejo guloso.
Eu profanando o ouvido de uma delas com palavras de baixo calão
Ao mesmo tempo em que profano, numa deliciosa siririca, sua vulva dourada
E, é claro, sendo profanado pelo cu pela outra
E chupado e sugado e o esperma exaurido pela sucção da boca de quem me come o rabo
Delícias que só duas mulheres como ela podem proporcionar


Claro que isso é um onirismo idílico
Onirismo onanístico
Ela sozinha já saciaria minha sede por mulher
Duas dela, então, seria orgasmático demais
Morreria afogado, engasgado com muita água
Mas morreria feliz, felicíssimo
Com uma roseira trepando em mim

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Porque ouvir Madame Saatan? (resenha)



Costumo falar que ouço muito pouca música cantada em outras línguas que não o português. Por duas razões: não sou fluente em uma língua que não a vernácula e acho as construções poéticas feitas em inglês, principalmente, muito pobres. De modo que só ouço música cantada em não-português se a parte instrumental for muito boa. Exemplos há: metal (de uma forma bem genérica), post-rock (Sigur Rós, mais especificamente, que cantam em um dialeto que só a banda entende) e óperas (italiano, alemão etc.).

Nesses casos supracitados pouco me importa se o cara (ou mulher) tá cantando um ode de louvação ou mandando eu ir me foder, pois sendo o instrumental bom demais e o vocal agradável (a parte solfejada), eu nem faço questão de traduzir a letra que está sendo cantada.

Eis que uma banda do Brasil, a Madame Saatan (originalmente de Belém do Pará) me conquista mais e mais a cada audição. Madame Saatan faz um rock muito bem executado, com bateria (Ivan Vanzar) e baixo (Ícaro Suzuki) com pegadas pesadas e mãos firmes. A “cozinha” que se espalha por todo o resto da casa. A guitarra comandada por Ed Guerreiro é a síntese do metal. Nada tem de ritmos regionais (tem lá no fundo, mas muito no fundo mesmo). Sinto que na base e nos solos, Ed Guerreiro, cresce a cada acorde, a cada riff. A vocalista, Sammliz Sam, tem uma voz equilibradíssima, grave com suavidez feminina (sem ser grossa, sem ser afrescalhada) e o melhor: ela compõe e canta em português. E aí o motivo principal do porque principal de se ouvir Madame Saatan: devido a boa entonação do vocal, a gente consegue entender toda a letra sem ter que recorrer a um encarte. E melhor ainda: há inteligência nas letras. E melhor ainda ainda: vc, caro leitor, pode baixar o último álbum da banda Madame Saatan (Peixe Homem) de graça, no site da banda, sem pirataria e sem quebrar direitos autorais. Em: http://madamesaatan.com/

Não vou tecer comentários sobre esse disco (que eu achei, simplesmente, do caralho). Deixo o leitor fazer vosso comentário, balizado e sem pressões.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Siririca (poesia)

p/ P.



A palavra remete à imundície sexual?
Quem disse isso?
SI


Aliterações que nos levam a um plano imagético pleno
O entra e sai dos dedinhos
O roçar masturbatório num eterno rendez-vous ligeirinho
RI


Não consigo ver palavra que represente melhor um ato
- comum e banal -
Porque então relegar a essa palavra tão bela (“inculta e bela”)
um destino marginal?
RI


Acho que o ato por si só se justifica
Sem se precisar de palavra pudica
Fico com a sujeira deliciosa de se dizer
Que homem bate punheta e mulher bate siririca
CA


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ode (poesia)


Ode à galhada do veado
Fodam-se os maridos traídos e que dão showzinho
    - que se fodam - em uma foda triple

Traição só ocorre quando algo não vai bem, certo?
Não. Afinal, o que é traição?


Fodam-me o cu ao ver uma porra dessas:
A mulhera chorar por um cara que a humilha e a depaupera
Em via pública, com a gurizada a apontar, zombeteiramente, que ali há um corno


Engraçado é que o homem se exaspera
Como se ele fosse detentor da razão absoluta
Pois pare de tratar vossa mulher de modo vil, como uma puta
Ouça Chico Buarque - puta dum clichejaço -
Subvertenha a espera pela confirmação do chifre
E vá viver sua vida, plena e resoluta


Ode aos poetas, artistas metalinguísticos, que se escondem sob a capa de cientistas
E que produzem coisas belíssimas como “Cravo branco”
- que é um ode máximo à “traição”; coisa Shakeaspereana -
    E que quase me remete ao que presenciei ontem à noite:
    Por pouco eu não via com meus olhos verdes que a terra há de comer
    O careca levar um tiro do jovem que tirou “Nina, aquela puta safada” dele.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A medida da saudade (poesia)


Qual a medida da saudade?
Eu sei:
três pares de brincos na minha mesa


Olho para os brincos e os imagino na orelha dela
E imagino minha língua roçando seu rosto
E ouço ela me dizendo: “pare, homem de Deus”


“Ouço” entre aspas
Pois a saudade é uma alegoria imagética
As saudades são para sempre?
Infelizmente não sei

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Recortes do cotidiano (micro contos)


(Prosaico)

  • Quantos anos você tem?
  • 33.
  • Eu tenho 56. Mas até hoje uma das coisas que mais gosto é sexo.
  • Hum...
  • Mas minha atual esposa é bacana, participativa, cuida da casa e tal... Mas no sexo ela é fraquinha.
  • E como o senhor faz?
  • Aí tem as de fora, né?

(Coisa de bicha)

  • Isso em você são brincos?
  • Sim, são.
  • Mas brinco é coisa de mulher, certo?
  • Talvez.
  • Ou coisa de viado.
  • No meu tempo viado não se sentava junto com homem.
  • Época ruim essa a sua, hein, senhor?
  • Não entendi.
  • Por isso. Tá explicado: todo machão além de surdo é ignorante.


(Toma)

  • E essa chinela? Quanto custa?
  • R$30,00.
  • Mas aqui não tem chinela para macho, não, é?
  • Quando você entrou aqui tava escrito o que na placa: Casa do Sertanejo ou Casa do Fresco?
  • Casa do Sertanejo.
  • Então pronto. Aqui só se fabrica coisa de homem macho.
  • Mas eu não vi nada tamanho 44.
  • É que para viado do pezão tem outra loja. Aqui ao lado.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Faxina (poesia)


Sete da manhã
E aquela maldita fresta de luz solar insiste em vazar do telhado
E cuspir um bom dia gostoso na minha cara preguiçosa
Olho para baixo e alcanço meus óculos
Enxergo um tufo de cabelos escuros, embolados, a ir e vir pelo chão do meu quarto
Aparo o tricobenzoar com a mão e desnovelo-o


Daí enrodilho um fiozinho em meu dedo indicador e levo-o ao nariz
Numa vã tentativa de respirar algum evanescente perfume
- resquício de uma bespa -
E nada, nada... Só o cheiro da queratina inodora


E começo uma faxina sem-vergonha em meu quarto
Varro tudo sem muita disposição e logo outras tantos tufos se juntam ao primeiro
“é muito cabelo”, penso eu
E penso também que aqueles resquícios dela são lembranças
De uma noite gostosa
Que reverberará eternamente enquanto durar tudo o que sinto por ela
- e vos garanto que o que sinto não é pouco -


E lembro-me da gente compartilhando os fones de ouvidos
E abraçadinhos
E ouvindo Maria Rita

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vermelho de bolinhas brancas (poesia)




Ela naquele vestido – linda
Como diria o Antonio Carlos Viana, branquinha da “cor da graviola”
E eu a contemplava
Só que ela fez que foi, mas não “fondo”
E eu “sifu”

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pálpebras fechadas (poesia)



Abri os olhos e vi ratos, um beco imundo e um cano por onde saía mijo e merda.




Plic, plic, plic...bati as pálpebras e fechei os olhos:
E a vi com seus cabelos drapejados pelo vento e senti o perfume dela me inundando as narinas.




Abri os olhos e vi gente matando gente, estupros, pedófilos e tarados.




Plic, plic, plic...bati as pálpebras e fechei os olhos:
E ela tenta me fazer sambar um samba e eu morro de achar graça com a minha inapetência para danças.




Abri os olhos e vi o Dalton Trevisan jogando pôquer com o Charles Bukowski e dois travestis defecando num cantinho numa esquina.




Plic, plic, plic...bati as pálpebras e fechei os olhos:
E ela pede para eu comprar um celular e eu invento uma esfarrapada desculpa e a gente se queda rindo da minha bobagem.




Concluo que é melhor sonhar de olhos fechados:
E plic, plic, plic... bato as pálpebras e fecho os olhos para nunca mais abri-los.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Morena (poesia)


Entra na pizzaria uma tentação morena
Corpo semi-desnudo revelando partes da sua carne da cor produzida pelo sol abrasador de Manaus
Trazia entrelaçada ao seu braço vossa companhia


Uma voz chama-a
E a tentação larga da companhia e vai ter com o dono da voz - um homem de uns 50 anos -
E o senhor lhe faz cosquinhas nas nesgas de pele que ficam à mostra


Papo vai, papo vem e o homem lhe oferece um picolé de manga
- como na poesia do Antonio Cícero, A Onda -
E a tentação lhe fala que são 30 reais para transar
E o homem diz que tudo bem


E a tentação chega baixinho pra sua esposa e fala
vai pra casa, agora, que vou comer o tiozão
Sob veementes protestos da mulher, Carlos Wagner pega o cara do picolé pela mão
E vai embora falando assim: chore não, Joyce. Isso vai virar leite pro nosso filho
- falou ele em alto e bom som para todos na pizzaria ouvirem -

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Recortes do cotidiano (micro contos)


(Barbeia)

  • Olha que negócio feio da porra! A mulher com as pernas cabeludas!
  • Mas isso é da natureza dos mamíferos. Pelos são normais. A natureza, meu caro, é irascível.
  • Pô, mas uma giletinha custa uns dois reais. E vai dizer que você não gosta de uma perna lisinha....
  • É, gosto, sim.
  • Então “inrascível” é meu pau cheio de pentelho preto, certo?
  • Pentelho preto? Porra, bicho, uma giletinha custa uns dois reais.


(Sem palavras)

  • Nhã, nhã, dan, dan, dan...
  • Sai daqui mudo filho-da-puta.
  • Dan, dan, dan, ah, ah, ah...
  • Eita mudo chato do caralho. Sai daqui, porra, vai se foder que vou pegar meu ônibus.
(o mudo escreveu numa placa para eu ler, assim: sou mudo, não surdo. escutei tudo. queria devolver os R$50 que caiu do bolso dele).


(Smells like teen spirits)

  • Quanto você tem aí?
  • Não tenho dinheiro, não.
  • Tens um perfume cheiroso? Uma alfazema?
  • Não. Mas tenho um desodorante de sovaco.
  • Puta merda! Mas vamos mesmo assim, pois gostei de ti. E pelo menos meu sovaco ficará cheirosinho.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Serpente (poesia)


Ela me serpenteou - sem intenção de querer fazê-lo -
E laçou cordas em volta do meu pescoço
Que se apertavam cada vez mais e mais
Mas não era um arrocho pegajoso
Tinha um quê de gostoso
De verdadeiro


Tal qual cascavel que exsuda veneno
Ou jiboia que encanta com seu olhar e sua voz sibilante
Ela me envenenou e me hipnotizou
E me fez uma jura estranha. Assim:
me terás somente hoje, como se ela fosse de éter que entorpece depois evanesce
Ó “vaca profana das divinas tetas”:
Ejetais na cara dos que nada sabem das mulheres
O significado ardido e espinhoso de se querer ter e não poder se desfrutar


Querer ter e não poder é cruel
Derrama-se saliva pelos cantos da boca
E balbucia-se palavras peremptórias de um afã
De um afã que sai arfado
Querendo, mas não conseguindo, explodir num grito, assim:
VOCÊ É MINHA
Mas nada é do que jeito que a gente quer
E você, Serpente, decididamente não és minha
Nem estais na minha
Nem és de ninguém – como na “Quadrilha” do Drummond

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sono poético (poesia)



Com sono a gente não escreve poemas. A gente debulha uma mixaria aqui e outra acolá.


Com sono não há soneto. Nem pensar. Fazer soneto já é de uma complexidade enquanto sóbrio
- imagine-se bêbado por Morfeu -


    Se tens fértil mente pensante, ó Olavo Bilac fake, mestre da prosódia ridícula e da rima fácil e burlesca, guarde seus versos para si mesmo
    Só imagino um homem (já morto) fazendo sonetos à antiga
    Com a desenvoltura não-piegas
    Que lemos em As Horas de Katharina


Sono é sonar de improbabilidades poéticas
Favor escrevais vossos poemas lúcido quiça translúcido
Mas nunca de porre ou com os olhos por fechar
Poupem-nos da vergonha alheia de criticar um verso em público
E se dizer: isso é obra do impaupério artístico causado pela ausência de boa dormida


Tolentino bebia e cheirava cocaína (isso é fato)
Mas acredito que ele concebia seus elegantes sonetos
Sempre depois de um bom banho tomado e as energias revigoradas
Afinal uma mente ébria não comporia algo como:
“... é nesse encontro entre a paleta e a partitura
que uma cidade existe tal qual imaginei-a” (Bruno Tolentino, 2006, em A Imitação do Amanhecer)

terça-feira, 5 de julho de 2011

A mulher do outro (poesia)


Ela não tinha um rosto excepcionalmente lindo
Nem seios estupendos
Nem pernas grossas
Nem bunda grande e firme
Nem era alta
Magra
Gorda
Ela não tinha nada fisicamente demais que justificasse o que eu sentia por ela


Lascívia despudorada
Despudor orgasmático
Orgasmos de porra viscosa
A porra que de mim verte e que a imagino toda na boca dela
Tudo isso por nada
Nada


Um fundo de razão haveria de existir
Para que meus sentimentos, vis que fossem, pudessem se justificar
E eis que achei uma causa Machadiana: inveja
Ela era dele e não minha
E aquela cara de safada que ela, disfarçadamente, fazia para mim
- eu imaginava isso -
Entregava o verdadeiro motivo pelo qual eu pensava tudo aquilo dela:
“Tá na hora de você arranjar uma mulher para si”, reverberava meu inconsciente

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Escapulário demoníaco (poesia)


O Capiroto também usa escapulário
Faixinha de pano preto
Escritos para otários.


Falando só absurdos
Quiça coisas boas para os mudos
Ou bad things para os surdos
- qual seria a melhor rima para “os mudos”?


O Cão quem acredita no Satanás
Trás Cás, Belzebu, Pé-de-Bode
Imagem de quem leva e não faz
E Deus que também não pode
Esse nem sai de cima, nem fode.


Pois entre outro e um
Prefiro o Chifrudo ao Barbão
Enquanto um diz pra não se melar
O outro diz “O inferno é Open Bar”.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Eu, ela e ele/a (conto)


Éramos puro impulso. Eu e N pensávamos e fazíamos sexo em qualquer ocasião e por qualquer motivo. Acho que era pelo fato de sermos amantes fugazes, fortuitos. Verdadeiros stalkers. “É hoje, N?”, “É”, N respondia. E fodíamos desbragadamente como se saciando uma fome pelo corpo um do outro. E tinha que ser tudo saciado naquele instante, pois não éramos namorados, nem noivos, tampouco casados. Eu fodia com N. N fodia comigo. Assim mesmo. Simples.
Nos concedíamos quase todo tipo de sexo “pervertido”. A lista de fetiches era gigante: dominação, sado-masoquismo, fist fucking, sexo oral, anal, menáges à trois, voyeurismo, exibicionismo. Em se tratando de foda já havíamos feito de tudo. Ou melhor: quase tudo. Voltávamos de um bar e N foi me deixar em casa. Estávamos meio bêbados, mas ainda lúcidos. De repente paramos o carro ao lado de umas prostitutas. Algumas belíssimas outras nem tanto. N e eu em sintonia perfeita, nem precisamos falar nada para nos entendermos: ela parou o carro, eu baixei o vidro e chamei uma prostituta loira, muito bonita, vistosa, para conversar com ela. Perguntei quanto era o programa e ela disse que se fosse com nós dois seriam R$100,00. Depois disso ela se revelou. Ela disse algo mais ou menos assim: “mas eu sou menino. tenho pau”. Dispensei gentilmente o travesti, levantei o vidro esperando que N fosse embora dali. Para minha surpresa ela me instigou a sairmos com o travesti para um motel. Eu, ela e ele(a). Se vocês acham que eu titubeei, caros leitores, estão todos enganados. Com a conscentimento de N, baixei o vidro, chamei o travesti de volta, combinamos preço e a duração do programa e partimos os três para uma aventura de picardia sexual que para nós dois, N e eu, foi muito marcante.
Aviso: é preciso despir-se de qualquer preconceito para continuar essa leitura. Não recomendo que sigam adiante os homofóbicos, os que não gostam da ideia do amor livre, os muito religiosos e àqueles travestidos de qualquer ranço machista/feminista/moralista.
Durante o trajeto fui conversando com Lídia (o nome de batismo não condiz com a realidade dos seios bólidos, da pele bem cuidada e do rosto de traços feminos. portanto, não irei citar o nome real dela(e)). Fui pergutando banalidades para quebrar a capinha de gelo que a nova experiência tinha criado sobre N e eu. Lídia disse sem ruborizar que já “tinha comido muito cu de coroa macho”, que já “tinha feito muito homem de mulherzinha com o cu aberto para cima” e que saiu poucas vezes com casal de menino e menina. Lídia disse que a maioria dos seus clientes são homens, senhores com alguma idade e família já estabelecida que adoram o visual de uma mulher fodendo-lhes o cu, rasgando seus rabos com um pau gigantesco mas sem barba e pelos e com a vantagem clara de ter seios comprimindo-lhes as costas na hora do coito de quatro. Quebrada a capinha de gelo, Lídia perguntou qual era nossa liga. Falei que não éramos um casal, que éramos amigos coloridos que apreciavam boa foda e que estávamos querendo experimentar um à trois com um travesti. Lídia ainda perguntou se valeria tudo na hora H. N prontamente disse que haveriam regras e muitas camisinhas.
Chegamos ao motel e entramos no quarto. N ditou em um tom generalesco três regrinhas: nem eu, nem ele vamos chupar seu pau; só se enfia um pau num cu ou numa buceta com camisinha; você, Lídia, não chupa minha buceta nem beija na boca de ninguém. Eu e Lídia nos entreolhamos e fizemos sinais de que entendemos o recado. O quarto tinha dois banheiros e fomos tomar banho eu e N e Lídia, sozinha. Saí sem roupa, pois sabia que dali a pouco ou eu teria meus pudores enterrados e jogado pra puta que o pariu ou vestiria minhas roupas e esperaria um homem de verdade vir até ali e dar cabo da situação. N era uma poesia de rimas fortes e suaves ao mesmo tempo: pele alva, gostossísima, seios que todos queríamos tê-los nas nossas bocas ou segurando-os forte enquanto N cavalga nossos paus como uma amazona. Lídia era assim: uma mulher sem tirar nem por: cabelos loiros e lisos, seios siliconados, rijos e com temperância, bunda escultural, mas com um pau muito maior que o meu e provavelmente maior e mais grosso que o do leitor que está achando esse conto uma viadagem sem limites no lugar de uma buceta. Quando vi o pau de Lídia, pensei que se N mandasse ele(a) me comer o cu eu estaria literalmente fodido. Começamos os três na cama, eu e N nos beijando e Lídia se masturbando, deixando seu pau duro para a eventualidade iminente. Nesses instantes ninguém precisa falar muito para que todos se entendam. N trepou sua buceta na minha boca e Lídia, num arroubo, começou a me chupar o pau. Eu tentei compreender a delícia de ter prazer fazendo sexo oral em N e recebendo boquete ao mesmo tempo. Indescritível. Trocamos de posição. Preliminares ainda. Deitei N de costas na cama, sentei-me sobre seu peito e empurrei meu pau na sua boca, sufocando-a ao mesmo tempo que Lídia fazia uma festa oral comprimido a língua contra a pudenda feminina parte que o travesti desejava ter. Paus tesos demais, bucetas úmidas de tanto exsudor, géis lubrificantes à vontade para besuntarmos os cus que estavam para serem comidos e fomos ao encontro das nossas mais recônditas vontades. N estabeleceu-se como uma espécie de chefe que comandaria todo a putaria.
Num impulso N disse: “meu bem” (apontando o dedo em riste na minha cara) “fique de quatro e abra bem seu cu, pois vamos meter”. Obedeci e senti o o friozinho do lubrificante em abundância inundando-me. Primeiro um dedo. Não sabia de quem, mas isso não importava. O dedo ia freneticamente comendo-me, abrindo espaço para coisa mais calibrosa. De repente a sensação de uma boca envolvendo meu pênis. Pela pegada percebi que era N que estava se fartando com sua boca em mim. Pensei por um segundo que se N estava a me chupar o pau e as bolas meu cu estava desguarnecido. De repente aquela estocada profunda me fez gemer alto de dor e pedi para Lídia ir com mais calma. O prazer anal às vezes exige sacrifícios difíceis de se explicar de modo racional. Trocamos todos de posição. N de quatro com a bunda totalmente empinada, louca para receber pela buceta e depois pelo cu. E ela teve o que seu corpo pediu. Fui até próximo de sua boca e ela babujava meu pênis de saliva com um apetite insaciável. E Lídia trabalhava muito bem, enterrando sua pica gigante na buceta de N. Mas eu costumo falar que pela buceta qualquer pau, com carinho, entra. Extasiei-me de prazer quando N chorava de dor ao sentir as poderosas estocadas que Lídia empregava na sua bunda. Um rendez-vous delicioso. Ficávamos pouco tempo em cada nova posição que N coreografava com um intuito muito elevado de seu modus pornografiorum. Gozamos os três quase ao mesmo tempo, sem camisinhas, um na boca do outro, em um carrossel sexual muito delicioso. Deitados na cama eu estava chupando a buceta de N alargada pelo pau de Lídia, Lídia estava me chupando e ela própria se masturbava. Depois daquele festival de porra, tomamos banho, comemos tudo o que havia no frigobar, pagamos Lídia, fomos deixá-la no kitnet onde ela morava e N me deixou em casa. Eram 4:00h da madrugada de um domingo qualquer. Antes de dormir rezei o Pai Nosso e a Ave Maria. Eu tinha exatamente duas horas para descansar antes de encarar a primeira missa do dia que eu iria rezar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Será? (poesia)


Num errático sábado, oito da manhã, estava a tomar café numa padaria
Como é meu costume, observando os transeuntes, vi uma Deidade
Uma mulher muito bonita
Elegante, de óculos escuros e vestida de preto
- como se em luto simbólico por alguém que ainda não morreu -
Magérrima em partes do corpo que combinam com falta de carne
Mas com o excesso gostoso de gordurinhas onde, nós homens, adoramos pegar
E morder e apertar
Ela era uma espécie de diva da periferia


Pensei: “essa porra deve ser casada”
E de fato o era
O esposo era um primor de má educação
Uma doce mistura de gorila com chimpanzé
Ele se instalou à mesa e avolumava sua presença
Ora com esporros ou murros leves
Um gestual grotesco, desprovido de qualquer resquício de intelectualidade
E a Deidade, constrangidíssima, baixava a cabeça


Livre arbítrio existe para decidirmos
Com quem deveríamos nos relacionar ou continuar uma relação
O negócio anda mal? Separa-se, oras
Seu cônjuge é mal-educado, te espanca, te humilha?
Mande ele se foder
Mas vendo a Deidade sendo rebaixada pelo símeo
- e calada ou resignada -
Penso como foi cruel a epifania que diz “toda mulher gosta de apanhar”
Será que o Nelson Rodrigues estava com a razão?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O olho azul (poesia)


Linger on, your pale blue eyes” (Lou Reed)

Entrei em uma lanchonete com minha namorada.
Durante a fila do caixa notei que uma menina com grandes olhos azuis
chorava copiosamente.
Pensei: deve ter acontecido algo muito ruim.
E ela, numa olhada de soslaio, notou que eu a percebia.
Dei um tchauzinho e fiz uma careta boba qualquer.
Ela sorriu um riso bem tímido, mas que já trouxera algum alento para aquele mar de lágrimas que do olho dela escorria e borrava a maquiagem e a enfeiava.
Pensei em ir até ela e puxar alguma conversa fiada, contar uma piadinha, sei lá...
Mas eu estava acompanhado. E mulheres são, assim, meio misteriosas.
Melhor não, pensei. Depois isso vai acabar em confusão.
Saí da lanchonete de estômago cheio, de mãos dadas com ela e um pouco triste,
confesso, por ser frouxo demais.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ferro nela (conto)

p/ meu amigo JJ


Comecemos com o nome dela: Suely. Simples e singelo como sua alma, como veremos no decorrer desse conto. O rosto dela era perfeito. Michelangelo perderia feio para quem fez aquela tão bela fôrma. O nariz era delicado, a boca de traços suaves. Só os olhos, apesar de estarem na medida, eram sem brilho, opacos, pale eyes. O seu colo era um encaixe enigmático para a cabeça de todos os homens magoados do mundo. Seus seios. Hum, os seios... Dois deliciosos bólidos que saciariam a fome e a sede de todo um batalhão. Formas da morfologia do pecado, da serpente do Éden. Do tamanho de duas pêras grandes, cabiam exatamente nas bocas de quem quisesse sugá-los. Os bicos se erigiam como pequenos vulcões de um prazer infindável, que despontam assim que são roçados. Sua barriga era linda, embora não se sentisse aquele gostoso sobe e desce provocado pela suave respiração. Suas nádegas preenchiam qualquer pedaço de pano com uma maestria que nem Ele fora capaz de imaginar. Sua bunda grande e durinha remete à estória greco-romana de quando as nádegas da Deusa foram esculpidas em um delicioso rendez-vouz anal. Suas pernas eram longas e não-delgadas, feitas na medida para se deliciar. Enfim, Suely nascera para ser perfeita, para atiçar as mais sórdidas vontades dos homens (e quiçá, das mulheres). A única coisa que nela se sentia meio estranho eram seus cabelos. Nunca eram os mesmos de um dia para o outro. Poderiam ser longos ou curtos, pretos ou vermelhos, dependendo da vontade da dona da loja. Como assim, dona? Sim, prezados leitores, agora a triste realidade. Suely não era uma mulher de verdade. Era uma boneca, era um manequim de loja. E o amor impossível do título desse conto se passou entre Gabriel, um garoto de 10 anos e Suely. Por mais que nossas cabeças não aceitem tais formas de paixões, para Gabriel foi algo estarrecedor. Platonismo que se tornou palpável. Ora, humanos apaixonam-se por porcos, galinhas... que mal tem em se amar uma manequim. A história do início dessa paixão começou assim: Gabriel estava com a mãe e juntos entraram na loja da tia de Gael, irmã de sua mãe. Gaelzinho, curioso, foi até os fundos da loja. Era uma loja de madamas, loja de moda. Por baixo de um pano negro, empoeirado, Gabriel notou que um humano despontava dali, sufocado, parecendo querer sair debaixo daquela funérea mortalha. De pronto, Gabriel puxou o pano e diante de seus olhos, surgiu aquela doce figura esplêndida, acima descrita. Do alto do início da explosão dos seus hormônios, o pau de Gael intumesceu. Ele, em um misto de vergonha e excitatio, correu para recobrir Suely, não sem antes escanear cada milímetro de seu corpo para uma futura consumação de seus desejos. Depois do encontro inicial, Gaelzinho não mais dormia, pensando em Suely a todo o momento. Ele sabia que não teria o sopro para torná-la real, mas possuir aquele corpo, realizar com Suely todas as fantasias que ele aprendera nas revistinhas baratas de sacanagem virou seu intento maior, primordial. Na idade de Gaelzinho, as garotas não passam de sonhos distantes (até pelo fato de que aos 10, nenhuma garota excita ninguém). Os garotos dessa idade utilizam-se de dois recursos para saciarem suas sedes: relações com outros garotos (sem alcunha homossexual) ou expedientes onanísticos com revistas, filmes e internet. Gabriel fora mais longe que os de sua idade: queria realizar-se com uma semi-deusa de plástico, sem vida, sem pulso, mas com formas realísticas que nenhuma revista poderia o dar. Dito e feito, Gabriel tramou um plano com o intento de ter Suely para si. Numa tarde do meio de uma semana de suas férias escolares, Gael fora ajudar sua tia na loja das madamas. Trama não trama, duas ou três tardes na loja da tia e eis a recompensa: sabendo dos horários dos funcionários que tinham a chave do almoxarifado onde Suely se encontrava, Gabriel pode passar algumas deliciosas horas com sua paixão, outrora platônica, agora mais que real. Muitos beijos, pau teso, suor, mas Suely não estava muito empolgada com as carícias afoitas de Gael. E eis que, em momento derradeiro de empolgação, Gabriel descobriu a parte de baixo do puído vestido que Suely vestia. Para triste decepção dele, Suely, muitíssimo real, sequer pêlos pubianos possuía – tal como Gabriel imaginara ter devido às lembranças das fotos em que todas as mulheres possuíam. E mais decepção: ele descobriu que todas as bonecas, inclusive ela, não possuíam buracos onde ele pudesse meter. Ficou o gosto de contemplar uma “moça” que por mais dois ou três anos assombrou o imaginário de uma criança.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Bombom (poesia)

p/ Dinaura

http://bit.ly/k0yRep (resumo da novela “Órfãos do Eldorado” de Miltom Hatoum)


Eu tenho certeza que ela é Dinaura, personagem da novela do Hatoum
Ela se me vem, sorrateira, como uma cobra
Dá-me falsa esperança ou doces ilusões
Depois some. Não nas brenhas dos matos
Some, não, refugia-se em seu amor masculino
E me deixa embasbacado, pensando como seria legal se ela também fosse minha
Queria eu estar enganado

***

Mulher bonita como ela complicado existir
Minha Dinaura imagética além de bela de rosto e corpo
É inteligente demais, simpática demais, bem humorada demais
Enfim, ela tem tudo demais - homem demais na sua vida, inclusive

***

Ela é como bombom de cupuaçu e castanha embalado em papel barato:
dificil de se desembrulhar, mas delicioso de se comer



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Recortes do cotidiano (micro contos)


(Rato)

  • Eita, porra! Olha lá o tamanho do rato....
  • Onde?
  • Ali, por cima do pacote de pão.
  • Deixe pra lá. O pacote tá fechado. Não tem risco de bactéria.


(Mulheres atrás)

  • Senhor, porque você sempre anda na frente e sua esposa atrás?
  • Por que é assim que as coisas funcionam: homens mandam, mulheres obedecem.
  • Chico Buarque falava que “por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz”.
  • Quem?
  • Chico.
  • Não conheço. Deve ser viado.


    (O que é?)
     
  • Sua mãe tá demorando demais. Ela deve de sacanagem.
  • Pai, o que é sacanagem?


(Judas)

  • Amarra o neguinho no poste e depois vamos bater nele.
  • Quem é esse neguinho?
  • Disseram que é Judas. Judinhas.
  • Mas Judas não era branco?
  •  Whatever, mermão, whatever.


(Do Pará)

  • Bonita tatuagem.
  • Qual? A das costas?
  • Não! A da bunda.
  • Obrigada! Essa tatuagem é a mais conhecida do Oeste do Pará!



(Matemática)


  • Hoje em dia 99% dos jovens transam.
  • Pô, quando eu era jovem nunca transei. Era o 1%.
  • Do jeito que as coisas vão lá em casa capaz de você entrar nos 1% de novo.
  • Maldita estatística.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pedofílicas - parte 3 (poesia)


Rogai


Perdido no mais recôndito cantinho da minha mente
Misturava os sentimentos
Pecado ou não?
Abria os olhos e a epifania se me vinha
E eu falava: “Mas livrai-me do mal”
E o coro dos fiéis repetia laconicamente: “Amém”


Eu os indistinguia: homens e mulheres, jovens ou velhos
Mas eu sentia uma réstia de um tesão inexplicável
Por aqueles que justamente nada poderia sentir
Condenado eu à cadeira do dragão do inferno?
Não sei!
Sei do volume por baixo da minha bata
Quando eu empurrava a óstia por aquela boca pueril
Quedando-me em malícias
E imaginando ali ser meu pau


Uma voz reverberava em mim e dizia:
“Sued, isso é pecado”
Imaginava que a voz fosse reflexo
Reflexo da onipresença e da onisciência de Deus
Que com seu olho via o que se passava
Na sacristia, depois da missa
felattio e orgias
Homéricas em primazia


Auto-penitência para extirpar da carne
Malévolos pensamentos, ditames demoníacos
Ou entregar-me aos prazeres frívolos do pedaço do meu músculo
Que intumesce de sangue quando eu avisto os garotos?
Dúvidas me corroem
E eu não cedo a elas. E continuo a pregar aos fiéis
E continuo a executar meu hediondo crime particular
Que todos rechaçam
E só posso falar assim como se fosse uma auto-absolvição:
Rogai por nós os pecadores”

terça-feira, 3 de maio de 2011

Pedofílicas - parte 2 (poesia)


Anal

Querendo mais que o habitual
Além de meter nos campos vulvais
Da garotinha impávida e estática
Eu queria lá, onde as mulheres
(sempre elas)
Dizem: não! aí dói!

-

Mas queria eu ser o primeiro homem
A conceder a ela o prazer de se sentir gozada
Onde poucas vezes na vida dela
Irão um dia chegar
Com brutalidade eu começo
Forçando a entrada e a fazendo chorar

-

Sem falsas esperanças
Ou juras de amor
Curro-lhe as pueris nádegas
E deixo minha marca efêmera de porra leitosa
E deixo minha marca psicológica eterna estampada na cabeça dela.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Pedofílicas - parte 1 (poesia)


 Chupa

Todo o volume esfrangalhando-se em sua boca
E o ritmado vai e vem por entre a língua e os dentes dela me fará explodir em esperma
Vendo pequenas gotas escorrendo pelo canto da boca da menina
Imagino-me nela, teso e vergado
É...
A imaginação voyeurística
Fez-me imaginar um felattio
Do meu pênis naquela boquinha miúda
E maldito seja o picolé que terminara
(a garota era voraz)
Antes que eu acabasse de gozar



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Recortes do cotidiano (micro contos)


(Aborto)

  • … e ela tava buchuda? Com bucho?
  • Tava, porra! O médico disse que o feto tava com 12cm e que o coração dele já batia.
  • Sim, mas e aí?
  • Mandei tirar, né? E eu sou algum besta?


(Pão com ovo)

(num bairro popular aqui de Manaus, duas mulheres empertigadíssimas entram numa padaria pé-sujo)

  • Por favor, atentendente.... (mulher 1)
  • Ei, mocinha.... (mulher 2)
  • Eu quero um croissant, com queijo cheddar e presunto de peito de peru (mulher 1)
  • Eu idem (mulher 2)
  • O que é idem? (atendente)
  • Affff... idem é o mesmo que ela pediu, só que no meu pão eu quero dois ovos “estralados” na banha (mulher 2)
  • “Isso sim é nobreza e riqueza de espírito” (pensei eu numa mesa ao lado).



(Feia)

  • Até que ela é bonita.
  • Mas é gorda.
  • Não, pô... ela tá grávida.
  • Tanto faz: gorda ou grávida. Quilos demais a enfeiam.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Olhos verdes (Hai Kai)

para Myla


Estranho é sentir beleza
Pelos olhos verdes, vermelhos e marejados, dela

terça-feira, 12 de abril de 2011

Camisinha (poesia)


Vi um pacote de preservativo no chão
    - vazio -
    Imaginei quem o tinha usado
    E com quem ele havia usado-o
    E como, também


Imaginei um monte de negócios sobre a camisinha
E imaginei-a em mim, no meu pau
Imaginei se quem jogou a embalagem no chão
Teve a mesma educação com a pessoa que ele fodeu
    - espero que não -


Imaginei a camisinha imagética na buceta, na boca ou no cu
Apertando o pau e fodendo gostoso
- ou não -
Pensei se quem estava usando-a gemia
Ou quem estava do lado de lá do látex urrava


Sei que muito imaginei
E não conclui a coisa mais fundamental:
Onde foi gozado todo o esperma?